terça-feira, 22 de dezembro de 2009

ARte eduCAÇÃO

Arte educação – Relações entre a arte infantil e a arte adulta*

por diego miguel


A trajetória histórica da arte educação é marcada por uma série de conquistas através dos avanços metodológicos e das pesquisas realizadas nos últimos anos.Após a criação da fotografia em 1826; muitos artistas buscaram em sua arte um aperfeiçoamento técnico que não correspondia com a expectativa de seus precedentes, a verossimilhança, eles buscavam uma maior proximidade da arte com seu cotidiano e com isso a necessidade de novos meios para torná-la viva.No início do século 20, a arte da criança começou a ser analisada por pesquisadores e artistas modernos, Matisse foi um desses artistas que defendia a arte da criança, afirmou que o artista tem que olhar o mundo com os olhos da criança. O artista não quis subestimar as técnicas dos grandes mestres, mas quis chamar a atenção à simplicidade que as crianças olham o mundo, a simplicidade das formas que basicamente são compostas por linha e cor.


Desde então muitos teóricos estudaram a arte infantil e a interação da mesma com a arte do artista adulto.


O ensino da arte tem se mostrado importante meio para essa fonte de pesquisa, que partiu desde a influência cultural que a criança atribui na arte à influência que a própria história da arte acaba exercendo no processo artístico infantil. De um lado a Escola Tradicional que acredita nos aspectos exógenos da aprendizagem tais como os valores culturais, a história da arte, as técnicas aplicadas, etc, e do outro a Escola Nova que acredita na relevância dos aspectos exógenos como a emoção, a sensibilidade, motivação e a auto expressão.


Dessas grandes correntes podemos destacar Franz Cizek (1865-1946) que além de artista foi professor da Young People Courses da Insdustrial Art School em Viena e que em turmas de meninos e meninas que variavam de 07 a 14 anos, Cizek aplicava atividades com referência na história da arte, especificamente nos movimentos impressionista, expressionista e art noveau, no qual eram trabalhados a desconstrução dos padrões acadêmicos e a expressão criativa por meio destas técnicas.


Já Viktor Lowenfeld (1903-1960), não acreditava no diálogo entre a arte infantil e adulta. Como investigador dos trabalhos artísticos realizados por crianças cegas, segue a linha novista, acreditando nos estágios de expressão conforme o desenvolvimento da criança.

Lowenfeld acreditava que a arte da criança tinha uma autonomia em relação à arte adulta, mas esta em alguns casos sofria a intervenção do adulto principalmente quando apresentava estereótipos, o que para o pesquisador tinha que ser desconstruído pelo educador, como forma de preservar a capacidade criadora da criança.


Após vários estudos realizados sobre os trabalhos da Escola Nova, percebeu-se a relação entre os fatores endógenos e exógenos no processo criativo da criança.


A Escola Contemporânea surge a partir destes conceitos, visando a relação entre os fatores internos e externos na criação artística das crianças.


A história da arte como seus conhecimentos sociais, políticos e ideológicos assim como as técnicas da diversidade de estilos artísticos são fundamentais para a aprendizagem na arte, uma vez que são contextualizados a importância de cada movimento na evolução da arte.


A arte de Topffer, artista suíço e Paul Klee, artista norte americano, foram material de estudo de pesquisadores sobre a possível relação de seus desenhos com a arte infantil.


Topffer se enaltece do trabalho infantil (lecionou arte para crianças) e dos povos primitivos, principalmente por suas características expressivas. Após sofrer problemas de visão e ter que se dedicar exclusivamente ao desenho, o artista absorve para sua arte as qualidades que observava nos desenhos da criança.Klee, por sua vez, era considerado por Robert Kudielka – crítico estudioso de suas obras – um artista que pintava sua “infância voluntariamente recuperada”, comparando sua obra “Carroça de Viajantes – 1923” com um desenho feito em sua infância, podemos observar que a temática é a mesma, mas há um aperfeiçoamento dos traços e na construção da composição, apesar das duas obras manterem a magia da infância, a vivacidade. Podemos concluir que a desconstrução dos conceitos acadêmicos levaram os artistas e críticos a se identificarem com a liberdade e simplicidade da arte infantil, livres dos parâmetros da academia no transcorrer da história da arte.


*artigo baseado no texto da Profª Dra. Rosa Iavelberg/ USP - de mesmo título

domingo, 20 de dezembro de 2009

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

ocupAÇÃO POr abraHAM PALATnik

Do dia 3 de dezembro a 10 de janeiro de 2010, o Itaú Cultural promove a quarta edição do projeto Ocupação, dedicada ao artista visual Abraham Palatnik. Com curadoria de Aracy Amaral, a mostra reúne trabalhos e pesquisas do artista na área de arte tecnológica, além de outras obras presentes em sua trajetória.
Abraham Palatnik nasceu em Natal, Rio Grande do Norte, em 1928. Radicado no Rio de Janeiro, integrou o Grupo Frente, ao lado de Ivan Serpa, Ferreira Gullar, Mário Pedrosa, Franz Weissmann, Lygia Clark e outros. Internacionalmente considerado um dos pioneiros da arte cinética, o rigor matemático é uma constante no trabalho do artista.
A exposição faz parte do projeto Ocupação Itaú Cultural, que traz artistas referenciais em várias linguagens: artes visuais, literatura e teatro. No lançamento da exposição, o hotsite do projeto vai ao ar atualizado com o conteúdo do novo homenageado.
E aguarde: em fevereiro de 2010, a música e o legado do recifense Chico Science, criador do movimento mangue beat, ganham exposição com objetos que marcaram sua trajetória.

Objeto Cinético - 1990/99

Objeto Cinético - 1986


Comunicação Cinética - 1967


Aparelho Cinecromático - 1958


SERVIÇO:
Ocupação Abraham Palatnik
quinta 3 de dezembro de 2009 a domingo 10 de janeiro de 2010
terça a sexta 10h às 21h
sábado domingo feriado 10h às 19h
entrada franca


Veja conteúdo exclusivo sobre o artista em itaucultural.org.br/ocupação.

Itaú Cultural - Sala Itaú Cultural
Avenida Paulista 149 - Paraíso - São Paulo - SP
[próximo à estação Brigadeiro do metrô]
informações 11 2168 1777
atendimento@itaucultural.org.br

fonte - http://www.itaucultural.org.br

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

o AMOr não é criME, o PREconceito SIM!


O site do Senado Federal está realizando uma enquete sobre a PL 122/2006.


A pergunta é: “Você é a favor da aprovação do projeto de lei (PLC 122/2006) que pune a discriminação contra homossexuais?” e os internautas podem responder sim ou não.

Devido a necessidade de criminalizar a homofobia, o PLC 122/2006 torna crime expressar qualquer opinião DISCRIMINATÓRIA ao comportamento homossexual.
O projeto de lei prevê detenção de um a três anos para quem for condenado por injúria ou intimidação ao expressar um ponto de vista moral, filosófico ou psicológico contrário aos homossexuais.

O PL 122/2006 será votado pelos senadores, seguindo para a sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para se tornar lei.

PRECONCEITO É CRIME!

Precisamos lutar contra a exclusão, seja esta oriunda de concepções religiosas (hipócritas e egoístas) ou de ordem social (tradicionalista).

Participe e cumpra com seu papel de CIDADÃO! Vote para aprovação do projeto de lei (PLC 122/2006) que pune a discriminação contra homossexuais.
VAMOS DAR UM BASTA À VIOLÊNCIA!


Acesse: http://www.senado.gov.br/agencia/default.aspx?mob=0



QUE O AMOR POSSA VENCER NO FINAL!

as CORes de edVARD MUNch

Munch (1863-1944) , artista norueguês que foi dos principais nomes do expressionismo europeu. Traduz em suas cores fortes uma temática de igual teor que atua na sensibilidade do espectador.


A arte seguindo o caminho oposto ao belo e à verossimilhança.


Puberdade (1894-95)




O beijo (1897)




Madona (1893-94)




Ciúme (1895)


O grito (1893)



Angústia (1894)



A dança da vida (1899-1900)



A voz (1893)

o foVISMO DE MAtisse

O fovismo foi um movimento artístico do século XX que buscou a liberdade pictórica através da ruptura dos conceitos tradicionais da arte acadêmica.
Segundo Louis Vauxcelles[1], o fovismo nasceu e floresceu de maneira improvisada e como por acaso, mais que um movimento, é um encontro de individualidades excepcionais que se percebem unidos por afinidades como os meios de expressão utilizados e a recusa de toda a convenção acadêmica.
E foi por acaso que Matisse, o líder do movimento fovista, teve seu primeiro contato com a criação artística.
Ele trabalhava em um escritório de advocacia e enquanto se recuperava de uma doença, abriu uma caixa de tintas que sua mãe havia entregue para sua distração e a partir destas primeiras pinturas despertou seu interesse para o estudo artístico.
Em 1891, aos vinte e dois anos de idade, foi para Paris e estudou na École des Arts Décoratifs (Escola de Artes Decorativas) e no ateliê de Gustave Moreau, onde conheceu outros jovens artistas como Camoin e Manguin, futuros fovistas.
Neste período as obras impressionistas ainda sofriam o desdém de grande parte da sociedade, muitos críticos não dissimulavam sua perplexidade diante das obras de Monet e Renoir, mas para os jovens estudantes como Matisse e seus companheiros, o impressionismo já era uma arte ultrapassada, o que serviu de inspiração a estes jovens para buscarem um estilo pictórico próprio, uma pintura pura, sujeita unicamente às leis instintivas das harmonias das cores na composição das obras.
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[1] Crítico de arte da revista francesa Gil Blas.

A insPIRAÇÃO de maTISSE

Moreau percebeu a tendência artística de Matisse e incentivou sua dedicação para aperfeiçoar seus meios de expressão pictórica, assim como os estudos das obras clássicas no Louvre, onde o artista passou grande parte do seu tempo estudando.
Após o período intenso de estudos, não demorou muito para sentir-se atraído pela intensidade das cores, principalmente depois da viagem que fez à Toulouse e Córsega, onde a luminosidade do mediterrâneo permitiu que sua sensibilidade artística atuasse nas paletas de cores quentes e intensas.
Matisse queria ter o domínio do uso das cores, do mínimo possível de meios para o máximo de resultados[1], com isso dedica-se ao estudo das obras de Cézanne.
Em 1899 comprou As Banhistas (Les Baigneuses/ Cézanne); estudando suas obras ele apreende que a cor pode construir os volumes, e os tons são forças que precisam encontrar equilíbrio na composição.
Como podemos observar na obra de Cézanne, O amor em gesso, há uma paleta diversificada de matizes que formam o jogo de cores que definem o volume das figuras.
Há também a presença de linhas que delimitam as formas e as pinceladas fortes que determinam o movimento presente na obra.

O amor em gesso (1884/85)
Segundo Cézanne: o olho não é suficiente, é preciso refletir, e baseado nestes conceitos Matisse não se preocupa com a reprodução fiel da imagem, mas na construção da mesma por meio das cores e da composição visual de forma harmônica.
Nesta obra Cézanne brinca com a perspectiva, criando uma profundidade inclinada que encontra a estabilidade no corpo da estátua, para este artista o equilíbrio é um dos principais fundamentos da composição visual.
A geometrização das formas e a presença do preto também são características encontradas nas obras de Matisse, como notamos em O torso de gesso, que assim como na obra de Cézanne, têm como figura principal uma escultura de gesso.

O torso de gesso (1919)
Na composição de Matisse o torso é representado ao lado de um vaso com flores, há geometrização do plano e do fundo, linhas retas que se harmonizam com a envergadura do torso criam um equilíbrio na obra.
Ao fundo podemos observar uma pintura que lembra a estampa de um tecido. Matisse tinha um verdadeiro fascínio pela cultura do Oriente, sentia-se atraído principalmente pelos tecidos, aparato também muito freqüente nas obras de Cézanne.
Nas duas obras, as figuras em gesso apontam para o lado direito, como se apontassem para a figura ao fundo. Nas duas obra há uma imagem ao fundo superior que nos remete à uma figura humana de joelhos, na obra de Cézanne, esta imagem nos lembra uma escultura, enquanto na obra de Matisse vemos claramente que a figura é uma pintura. Ambos artistas eram apaixonados pelo desafio de estruturar a forma, retratar o volume dos corpos, por meio das manchas compostas pela diversidade de matizes e tons.
A música e A dança, são obras importantes desse artista, nelas além de visualizarmos claramente o tema, conseguimos sentir o ritmo e o movimento que o artista propõe.

A música (1939)

A utilização de cores fortes e formas avantajadas são as principais características visuais destas composições.

A dança (1910)

Em La desserte, o vermelho predomina, há uma idéia de tecido que é reforçado pelos arabescos e a repetição dos mesmos, criando o efeito de estampa, nesta obra podemos observar a influência da escola de arte decorativa.

La desserte (1908)

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[1] Pizzo, E. 1969

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

actION PAINting

Jackson Pollock, artista americano que influenciado por Max Ernst e sua 'pintura de gotejamento' (gotas de tinta que eram respingadas na tela e formavam linhas harmônicas quando escorriam) criou a técnica action painting, pintura expressionista abstrata regida pela emoção e forte expressão da ação gestual.

domingo, 4 de outubro de 2009

YVes klEIN & sUAs perFORMAnces

Vídeo das duas performances históricas do artista inglês Yves Klein, no ano de 1960.

"Anthropometries of the Blue Period and Fire Paintings"

Em Anthropometries of the Blue mulheres pintam seus corpos de azul (azul intenso e exótico, mais tarde é patenteado como Azul Yves Klein) e ao som de violinos imprimem-no em uma grande tela.

Na performance Fire Paintings o artista imprime a silhueta das modelos nuas com um líquido inflamável depois ao fogo de um maçarico "pinta" as impressões na tela.

31º PanORAMa da aRTE BRAsileira/ MAM_SP

domingo, 6 de setembro de 2009

coRDEL - INSpirado nAS PALavras de dieGO MIGuel

MOMENTOS DE UM LOUCO
por Vandete Bandeira Yung - Tay


Se todos fossem
Abençoados como você
Não iamos ter que
Procurar e escolher
Alguem com bom caráter
Que traz na alma ao nascer.

Talento como o seu
É raro nesse palheiro
De gente que não insiste
Nem faz como o romeiro
Que acredita na fé
E faz render seu dinheiro.

As MOLÉCULAS tem energia
Todos precisam explorar
Quem as tem preguiçosa
Só precisa acreditar
Ou ter alguem como você
Pra lindamente incentivar.

Seu trabalho tem sentimento
Seus RABISCOS iluminados
Segundo palavra sua
Seus acervos inundados
Do amor que emerge,
Por suas mãos expressados.

RABISCO brilhante,
PINCELADA, emoção
De quem desprende
Do fundo do coração,
MOLÉCULAS vibrando
A energia sem dimensão.

"Momentos de um louco?"
Louco inteligente
Quem dera fossem Todos
Sorrindo sempre contente
Para a terceira idade
O que muito jovem não entende.

Parabéns Diego Miguel.
E obrigada.

*Vandete Bandeira Yung Tay é uma talentosa artista e cordelista, para conhecer mais sua poética acesse:
vandetepoemablogspot.com

lauRA VINci - obRAS


Sem Título , 2000
mármore e pó de mármore


Máquina do Mundo - 2005
pó de mármore, correia transportadora, máquina dosadora


Mona Lisa - 2001
água e resistência elétrica medidas variadas


Ainda viva - 2007
Mármore, vidro, maçãs


Sem Título - 1997
areia e pertita

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

o qUE falAR SOBre a POÉTica de lauRA VINci

Muito além da aflição
por Paulo Sergio Duarte - 2007



Querem o tempo aflito dos tijolos de notícias nas colunas de jornal, o mesmo das pílulas que devem lhes acordar e, depois, o das outras para lhes adormecer; o dos moto-boys, que quando buzinam já passaram cinco pelo retrovisor, o tempo inerte do engarrafamento e o tempo vil que corta o ponto dos pobres coitados que chegam atrasados.


Querem o tempo sem antes nem depois, o do instante das bolsas em Wall Street, Frankfurt, Londres e São Paulo (maldito fuso horário que lhes obriga a esperar por Tóquio e Hong Kong).

Querem o tempo cheio – feito as burras do banqueiro – das agendas sem espaço até daqui a dois anos. O tempo rápido dos jatinhos, mas que tem que esperar para decolar e pousar (ao menos aqui e nos EUA). Desejam o tempo das férias no paraíso e dos intermináveis fins-de-semana. O tempo do check-in e do check-out, doméstico ou comercial.

O freqüente, da trepada rápida com a amante, e aquele de dilatados intervalos dos indolentes coitos nas mães dos filhos. Querem sempre o tempo do burocrático “Eu te amo” – repetido a torto e a direita.

Na verdade, não amam mais nada, pois foi este tempo que escolheram que lhes ama, lhes adora e a ele se entregam como escravos, crentes que são mestres.

Pois foi sempre outro o tempo perseguido por Laura Vinci.

Em contato com os seus trabalhos experimentamos um tempo perdido, não o da memória proustiana, mas aquele que foi seqüestrado pela vida contemporânea.

Escultora, seu tempo adere à matéria mesmo que esta seja o vapor d’água. Lembro-me quando a instalação das grandes bacias que evaporavam o delicado vapor foram expostas ao lado de um Volkswagen imbecil que fazia piruetas no ar, numa Bienal de São Paulo.

Havia uma clara insensibilidade na disposição dos dois trabalhos um ao lado outro. Mas havia algo de propedêutico, éramos, sobretudo o público leigo, preparados para sermos empurrados na estupidez contemporânea.

Como a virulência de um trabalho monumental, que se apresentava literalmente como um brinquedo de parque de diversões, com suas cores fortes e seus movimentos rápidos, era apresentada ao lado de uma experiência da delicadeza? E, no entanto, o tempo de Laura passava...

Já sei que não há espaço para falar do Centro Cultural São Paulo, do Arte Cidade e da 5ª Bienal do Mercosul, nos quais o tempo se dilata transportando a matéria.

Mas esta palavra é perigosa: matéria.

Dá margem a muita abstração. Escultora, insisto, Laura trabalha com materiais. Dessa vez, não é areia nem água, são mármores e maçãs.

“Que beleza!” está escrito numa obra de Mira Schendel.

E é assim que antevejo essa instalação, pelas fotos, antes de montada. Em Mira, sempre contida no essencial, introvertida, salvo nos “Sarrafos”.

Em Laura, agora, espalhada, mas “Que beleza!”. Com cor, o branco dos “Bloquinhos” e o vermelho das maçãs, vibrando e se opondo num contraste clássico, caro aos modernos.

Mas a festa para o olhar é breve. Logo será chamado a pensar. Uma oposição visceral alimenta o encontro dos materiais e seus tempos: o mineral do mármore e o orgânico das maçãs.

Um perene – o da pedra –; outro vai apodrecer diante de nossos olhos – o da maçã.

A decrepitude acelerada do ser vivo contrasta com a impávida permanência do mineral.

Mas há a questão da forma.

É uma instalação que agrega diversas naturezas-mortas. É óbvio que essas naturezas-mortas lançadas no espaço por Laura Vinci teriam seus vínculos muito mais com Cézanne e Chardin do que com Morandi.

São muito afirmativas. A solidez é Cézanne, a afirmação é Chardin.

No Brasil, temos um passado de dignas naturezas-mortas no século 19. Poucas, mas boas, o que é essencial – mas ainda contidas nos limites da academia.

Depois esperamos muito por Guignard, assim mesmo o gênero não consegue concorrer com suas paisagens de Ouro Preto. Mas as naturezas-mortas de Laura da Vinci são volumes. Arrumadas no espaço podem vir a ter diversas configurações.

Quem dirá qual é a original? Umas estão arranjadas entre volumes de mármores e algumas poucas maçãs. As famosas maçãs de Cézanne. Outras dividem o espaço com inúmeras maçãs. Todas fazem parte de um único trabalho, mesmo que nosso olho possa discernir, aqui e ali, unidades.

Já sabemos que Laura trabalha com o tempo e todo aquele que estudou direitinho história da arte sabe que, se os modelos vivos de Cézanne sofriam com os meses de tempo de pose – e Madame Cézanne foi uma das maiores vítimas –, ao contrário da disciplina da mulher e dos amigos, a natureza não se submetia às exigências do artista: as maçãs apodreciam diante dos olhos do pintor.

É estimulante essa polarização entre o mineral e o orgânico, essa convivência entre dois extremos sobre os quais vivemos.

Mas o que permanece, não vai apodrecer, são formas construtivas.

Lembram-me páginas dos livros de Lygia Pape tomando volume, jogados no espaço, sem a sua disposição hierática sobre a parede; “Bloquinhos” entregues com todo o corpo e magia, na sua permanência e brancura, esperando por novas maçãs, estas sim, que como nós, vão passar.

Quanto às maçãs, compra-se nas feiras (já que não são pintadas).

sp arTE/ foTO

Cristiano Mascaro
Paisandú
impressão s/ papel de algodão

De 10 a 13 de setembro de 2009, o 9º andar do Shopping Iguatemi sediará a terceira edição da SP-Arte/Foto, a maior feira de fotografia do país que reúne 17 excepcionais galerias de arte e mais de 100 artistas, entre jovens talentos e nomes consagrados no circuito nacional e internacional.
O conjunto das obras das galerias participantes permitirá uma visão magnífica e ampla da produção moderna e contemporânea do Brasil e do mundo representada pelos artistas: Miguel Rio Branco, Mario Cravo Neto, Caio Reisewitz, Rochelle Costi, Albano Afonso, Márcia Xavier, J.R.Duran, Claudia Jaguaribe, Cristiano Mascaro, Daniel Senise, Brigida Baltar, Cao Guimaraes, Luiz Braga, artista escolhido para representar o Brasil na Bienal de Veneza de 2009, e presenças internacionais como Neil Hammon (artista selecionado na última Bienal de Veneza), Richard Galpin, Thomas Hoepker, Martin Parr, Elliott Erwitt, Nicola Constantino e Michael Wesely, entre muitos outros.
A terceira edição da SP-Arte/Foto reflete e reforça a ascensão e a importância da fotografia dentro do mercado de arte a partir dos anos 80.
Este movimento é resultado não só do aumento pelo interesse na fotografia, mas também do esforço e trabalho que profissionais ligados ao meio estão empreendendo para promover a fotografia.
A SP-Arte/Foto conta com o suporte e patrocínio do Credit Suisse Hedging Griffo e do Shopping Iguatemi, ambos assíduos apoiadores de diversas iniciativas voltadas para a produção e divulgação da arte contemporânea brasileira.
As galerias que participam da SP-Arte/Foto 2009 são: Arte 57, H.A.P. Galeria, FASS, Galeria de Babel, Galeria Luciana Brito, Galeria Leme, Paulo Darzé Galeria de Arte, Galeria Baró Cruz, Instituto Moreira Salles, Casa Triângulo, Galeria Bergamin, Galeria Millan, Mezanino, Emma Thomas, Pequena Galeria 18, Silvia Cintra + Box 4 e Galeria Nara Roesler.
O evento é GRATUITO e acontece no 9º andar do Shopping Iguatemi, com acesso pelos elevadores centrais do Shopping.
Esperamos ver a todos os amantes e profissionais da fotografia reunidos neste grande evento que celebra a fotografia!
Entrada Gratuita
10-11 SET – 15h-21h12-
13 SET – 14h-21h
Shopping Iguatemi – São Paulo

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

o briLHO De aniSH KAPOor

Anish Kapoor, artista contemporâneo de nacionalidade indiana. Nos anos 70 estudou em Londres.
Sofreu influência da Britain’s New Generation – série de exposições ocorridas em Londres na galeria Whitechapel nos anos 60 (movimento inglês que contribuiu com as discussões sobre novas propostas de tridimensionalidade).
Momento que inspirou jovens artistas à novas propostas tridimensionais, grupo denominado Britain’s New Sculpture.
Fez uma exposição individual no Brasil em 2007 no Centro Cultural Banco do Brasil intitulada Ascension.