segunda-feira, 10 de outubro de 2011

reFLExões sobRE O FAzer

por Diego Miguel


O que é a arte, senão o concreto daquilo que muitas vezes quero dizer e me falta a coragem?


Para os fracos que se envergonham e temem, e também para os fortes que enfrentam suas fraquezas; a mesma arte!


Quando olho para dentro, vejo caminhos obscuros que teimam em permanecer calados com medo do enfrentamento, mas também vejo a necessidade de desabrochar o sublime, o etéreo que permeia as relações, a minha vida, coisas que carrego e que não se traduzem em palavras.


É o modo de ver o mundo, por ângulos ousados e desfocados, muito além do belo.


O que a arte te provoca?


É sinestésico, sutil, muito além da visão, do racional.


Ousar, permear por caminhos novos. Se permitir o acesso às sensações, livrar-se do peso cotidiano das limitações e dissabores.


Ouvir-se, enxergar-se, sentir-se, comer-se...


O que é a arte se a hipocrisia de quem a produz é para agradar o outro, dando sentindo ao outro e não a si mesmo?


A arte se comunica com o mundo quando está latejante, entre a pele e os pêlos.



(...) os azulejos combrem a parede, mas nunca a memória; revisitando minha história, e percorrendo por um caminho já trilhado, revendo cores, amores e poesias (...)


Um dia serei um artista.

a beLEZA De hoPPEr


Edward Hopper, artista americano que buscou através de sua obra visitar a beleza solitária das cidades. (1882-1967)


Nighthawks



Summertime


Summer interior


Morning sun


Chair Car

MUNch

“Caminhava com dois amigos pelo passeio, o sol se punha, o céu se tornou repentinamente vermelho, eu me detive; cansado, apoiei-me na grade – sobre a cidade e o braço de mar azul-escuro via apenas sangue e línguas de fogo -, meus amigos continuaram a andar e eu permanecia preso no mesmo lugar, tremendo de medo – e sentia que uma gritaria infinita penetrava toda a natureza.”

Edvard Munch, sobre "O Grito" 1893

sábado, 23 de julho de 2011

aDEUS AMy



A música contemporânea perdeu um grande ícone, uma voz que passou rápido, mas permanecerá na história!


sábado, 16 de julho de 2011

roDRIgo brAGA

A ousadia contida nas obras de Rodrigo Braga é que torna esta, uma arte interessante e reflexiva.




Artista nascido em Manaus e radicado Pernambucano, dedica sua arte à fotografia e todas as possíveis manipulações deste material para provocar a reflexão de temas que são pertinentes na contemporaneidade.








Mais força que o necessário, Série - 2010





Comunhão, Série - 2006










Risco de Desassossego, Série - 2004






terça-feira, 12 de julho de 2011

sábado, 9 de julho de 2011

duCHAMP

Fonte (1917)



* fotos de Diego Miguel²


MAM 2008




Roda de Bicicleta (1913)







"Pode alguém fazer obras que não seja 'de arte'?"


Marcel Duchamp - 1913




acQUArelas

*obras de Diego Miguel²

Série de pintura aquarelada realizada no primeiro semestre de 2011, baseadas em obras dos consagrados artistas: Constable, Turner, Monet e Cezanne.
































a arTE E O MEio ambiENTE

Considerando a relevância da aplicação de temas transversais nas atividades propostas em grupos de idosos, segue abaixo uma proposta do projeto de esculturas contemporâneas desenvolvido em um serviço de referência de cidadania da pessoa idosa no ano de 2007 na cidade de São Paulo.

MUNICÍPIO: São Paulo
PÚBLICO: Idosos
PROJETO: OFICINA DE ESCULTURAS CONTEMPORÂNEAS
AUTOR: Diego Miguel


CONTEÚDOS GERAIS EM ARTE VISUAIS:
• Conhecimento básico da História da Arte/ Esculturas - do clássico ao contemporâneo.
• Apreciação das obras de artistas relevantes no cenário contemporâneo.
• Produção de papel maché.
• Experimentação da técnica de modelagem em papel maché.
• Utilização de materiais bastardos e recicláveis na criação de esculturas.
• Valorização da criação pessoal e coletiva.

CONTEÚDOS GERAIS PARA O MEIO AMBIENTE – TEMA TRANSVERSAL
• Identificação dos principais problemas ambientais causados pela poluição.
• Verificação das ações locais para a preservação do meio.
• Prática de ações conscientes.


ATIVIDADE 01

TEMPO DE OFICINA: 02 horas semanais
VÍDEO: Uma Verdade Inconveniente
An Inconvenient Truth, 2006, Dir.: Davis Guggenheim
OBJETIVOS:
• Refletir sobre os problemas ambientais atuais e sua progressão.
• Refletir sobre ações possíveis de preservação do meio ambiente.
• Conhecer a importância da reciclagem para a regularização das ações climáticas.

DESENVOLVIMENTO:
Apresentação de trechos do documentário “Uma Verdade Inconveniente” e discussão dos temas abordados:
- Atuais alterações ambientais (clima, poluição, água).
- Prática dos 3 R’s: Redução de Consumo, Reaproveitamento e Reciclagem.
- Durabilidade dos materiais inorgânicos.
- Ações cotidianas que fazem a diferença na preservação do meio.
MATERIAIS NECESSÁRIOS: Texto de apoio, TV e Aparelho de DVD.

ATIVIDADE 02

TEMPO DE OFICINA: 02 horas semanais
APRESENTAÇÃO DE SLIDES: História da Arte - do Renascimento à Contemporaneidade
OBJETIVOS:
• Apresentar a trajetória da arte em seus diferentes movimentos.
• Apreciação de Obras Artísticas.
• Conhecer o universo da arte contemporânea e seus conceitos.
DESENVOLVIMENTO:
Será apresentado ao grupo slides sobre os principais movimentos artísticos em sua diversidade técnica, do Renascimento ao Contemporâneo, proporcionando momentos para leitura de obras.
MATERIAIS NECESSÁRIOS: Texto de apoio e Datashow.

ATIVIDADE 03

TEMPO DE OFICINA: 02 horas semanais
EXPERIMENTAÇÃO COM PAPEL MACHÉ
OBJETIVOS:
• Apresentar a técnica de papel maché.
• Experimentação técnica.
DESENVOLVIMENTO:
Será apresentado aos alunos como fazer o papel maché, e a aplicação de diferentes tipos de papéis (reciclagem) para a possibilidade de texturas diversificadas. Todos alunos farão suas massas e experimentarão livremente formas figurativas ou abstratas, assim como texturas diversificadas, para a criação de uma escultura.
MATERIAIS NECESSÁRIOS: Papéis de diferentes texturas (jornal, revista, folhas de caderno, sulfite), cola branca, cola caseira, farinha de trigo, liquidificador, peneira, palitos de sorvete.

ATIVIDADE 04

TEMPO DE OFICINA: 02 horas semanais
PROJETO DE ESCULTURA COM MATERIAIS BASTARDOS/ RECICLADOS
OBJETIVOS:
• Criar um projeto de escultura.
• Explorar conceitos da arte contemporânea, tais como: equilíbrio, texturas, contrastes, formas.
DESENVOLVIMENTO:
Cada aluno deverá fazer um desenho de uma escultura que gostaria de criar tridimensionalmente. Considerando os conceitos da arte contemporânea e da valorização do processo criativo. Nesta atividade, deve-se levar referências de esculturas contemporâneas para facilitar a inspiração da criação.
Após a criação dos desenhos, os alunos deverão pesquisar materiais bastardos ou reciclados, utilizados cotidianamente, que pudessem compor o “esqueleto” de sua escultura, contribuindo com sua forma e seu volume (tridimensionaliade).
MATERIAIS NECESSÁRIOS: Papel sulfite, lápis, borracha e imagens de referências.

ATIVIDADE 05

TEMPO DE OFICINA: 02 horas semanais
MONTAGEM DO PROJETO
OBJETIVOS:
• Estimular o reaproveitamento de materiais bastardos e recicláveis.
• Criação do conhecimento técnico na composição da forma e equilibrio.
DESENVOLVIMENTO:
Cada aluno deverá montar através da “junção” de diferentes materiais inorgânicos (recicláveis) o “esqueleto” de suas esculturas, baseando-se no desenho da aula anterior, considerando suas formas e equilíbrio.
MATERIAIS NECESSÁRIOS: Materiais inorgânicos diversos (levados pelos alunos, conforme a pesquisa da aula anterior), fita crepe, arame e durex.

ATIVIDADE 06

TEMPO DE OFICINA: 02 horas semanais
ESCULTURAS EM PAPEL MACHÉ
OBJETIVOS:
• Explorar a modelagem para aperfeiçoar as formas sugeridas no “esqueleto da escultura” - junção dos materiais utilizados.
DESENVOLVIMENTO:
Cada aluno deverá fazer o papel maché, conforme orientado e vivenciado na aula 03, e cobrir a superfície de sua escultura, modelando-a conforme seu projeto inicial (desenho), fazendo que as formas do “esqueleto” montado pela junção dos materiais inorgânicos estejam agregadas aos outros materiais. É importante nesta fase, a orientação individual do professor à cada projeto, para que sejam exploradas as diferentes texturas e formas.
É importante que as peças revestidas fiquem em lugar arejado e iluminado, para inibir a presença de fungos no processo de secagem.
MATERIAIS NECESSÁRIOS: Os mesmos da aula 03 e 05.

ATIVIDADE 07

TEMPO DE OFICINA: 02 horas semanais
ACABAMENTO E PINTURA
OBJETIVOS:
• Pintar as esculturas, explorando as cores e contrastes.
DESENVOLVIMENTO:
Os alunos poderão pintar suas esculturas considerando as cores e contrastes (conforme aprendido anteriormente nas aulas de pintura), considerando ainda as cores utilizadas nas obras contemporâneas que inspiraram sua criação.
Também poderão utilizar verniz para manter a originalidade das cores obtidas pela mesclagem dos papéis utilizados.
MATERIAIS NECESSÁRIOS: Cola branca, pigmentos coloridos, verniz, pincéis e esponjas.

ATIVIDADE 08

TEMPO DE OFICINA: 02 horas semanais
MONTAGEM DE EXPOSIÇÃO E DEBATE
OBJETIVOS:
• Mensurar junto ao grupo, as ações realizadas durante a oficina: Meio Ambiente e Escultura.
• Contribuir com a socialização destas experiências.
• Promover um debate sobre as ações sustentáveis que cotidianamente podemos adotar em benefícios do meio ambiente.
DESENVOLVIMENTO:
Será montada uma exposição dos trabalhos realizados e haverá a mediação de um debate sobre toda experiência obtida nos encontros, do olhar técnico proposto pela modelagem artística ao olhar ambiental, das ações cotidianas que podem contribuir com a diminuição do lixo inorgânico.



REGISTRO REFLEXIVO

A Arte Contemporânea, dentro de sua complexidade e subjetividade, propõe ao artista a valorização do empírico, do processo criativo, trabalhando com a desconstrução dos conceitos estéticos tradicionais, e ao mesmo tempo, utilizando-os na busca de uma nova experimentação.

A proposta da Oficina de Esculturas Contemporâneas, para o grupo de idosos, tem o objetivo de aproximar este público dos novos conceitos artísticos, pois na maioria das vezes, estes são preenchidos por pré-conceitos tradicionais, distanciando-os da contemporaneidade.

O Papel Maché, enquanto técnica utilizada, propõe a criação de um elo com o tema transversal trabalhado, considerando os atuais danos ambientais causados pelo uso indevido dos recursos naturais e pelo descompensado descarte de lixo inorgânico em nossa sociedade, o que contribui com o aumento da poluição, e no seu acúmulo, os desastres ambientais enfrentados atualmente.

A apropriação dos conceitos artísticos e dos meios de preservação do meio ambiente contribuiu de forma eficaz para esta vivência com idosos, quebrando os paradigmas tradicionais e criando uma nova possibilidade de criação artística conceituada na sustentabilidade planeta, como defendido por vários artistas contemporâneos, mencionados no segundo encontro.

A criação das estruturas, “esqueletos” das esculturas, permitiu a observação das formas e volumes que compõem as embalagens (de plástico, papelão, vidro, etc) e na junção destes para a composição de uma única peça.

Esta foi a maior dificuldade encontrada pelo grupo, pois a desconstrução da funcionalidade destas embalagens, visando a construção de um novo olhar para as formas que estas constituem, agregando-as, foi o desafio à criatividade e a percepção de todos.

Apesar do passo a passo para a execução desta atividade, cada aluno possui seu próprio ritmo.

É importante que o orientador tenha esta percepção e possa estimular a cooperação no grupo, no qual cada um possa ajudar e contribuir com a execução do trabalho do colega, considerando suas idéias e criatividade, algo que aconteceu espontaneamente neste grupo, considerando o tempo que já se conheciam.

Na fase de acabamento das esculturas, no processo de modelagem com o papel maché, todos alunos perceberam as diferenças em aderência, conforme a superfície aplicada, principalmente no alumínio e vidro, o que possibilitou a busca de novas alternativas para que a superfície se tornasse receptiva à massa, algo que relacionaram com a alta durabilidade deste material quando jogado ao meio ambiente (alumínios e vidros são mais resistentes ao tempo).

No debate final foram lembrados cada encontro, e relatados como se deram estas experiências.
Segundo a Sra. M.A., 71 anos, ela não consegue mais jogar uma garrafa pet no lixo, suas formas arredondadas contribuem para lindas formas de mulheres com longos vestidos.

Já o Sr. J.C., 62 anos, prefere explorar os materiais encontrados em caçambas e lixos de construções, diz ainda que as pernas de mesas, muitas vezes encontradas nas ruas, podem ser reestruturadas com o papel maché e formarem formas geométricas como as obras de artistas da

Bauhaus.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

kraJCBERg



GUARDIÃO DA FLORESTA

por Maria Hirszman - O Estado de S.Paulo


Com uma vitalidade impressionante para quem acaba de completar 90 anos, Frans Krajcberg desembarcou em São Paulo no fim de semana para montar sua terceira exposição individual do ano. Depois da grande mostra no Museu Rodin, em Salvador (em cartaz até dia 17), e de evento similar organizado pelo museu da Fundação Yves Rocher na Bretanha (França) é a vez de o Museu Afro Brasil realizar uma dupla celebração, comemorando simultaneamente o aniversário de um dos mais importantes escultores brasileiros do século 20 e o Ano Internacional das Florestas, iniciativa comandada pela ONU.


Trata-se de mostra enxuta, mas que consegue sintetizar o teor combativo e a força visual das criações desenvolvidas pelo artista há décadas em torno das queimadas, do descaso com as florestas, da incapacidade da sociedade de proteger seu patrimônio natural e humano.


Mais do que comemorar o aniversário ou revelar seu vigor criativo, a intensa agenda de exposições tem um objetivo claro: dar continuidade a uma estratégia aguerrida de denúncia e combate aos crescentes e reiterados abusos contra o meio ambiente. "Aqui vai se ver o fogo das árvores", afirma Krajcberg, que acaba de ser homenageado também com o 6.º Grande Prêmio de Enku, concedido pela prefeitura de Gifu, no Japão. A entrega está prevista para o dia 10 de fevereiro, quando terá início uma exposição das obras dos premiados.


Sem interesse em falar sobre sua obra do ponto de vista estético ou artístico, Krajcberg centra fogo sobre aquele que é seu principal foco de indignação e protesto nas últimas semanas: a aprovação pela Câmara dos Deputados do projeto do Código Florestal. E anuncia em primeira mão que está envolvido com a organização de um tribunal internacional contra o Brasil pelos crimes cometidos contra os índios e a Amazônia, a ser instaurado provavelmente no próximo ano. "A ONU está celebrando o Ano Internacional das Florestas enquanto o Brasil é campeão de desflorestamento. É revoltante a aprovação de um projeto como esse e houve uma forte reação da comunidade internacional, mas aqui no Brasil nem se falou da imagem negativa que isso gerou", afirmou ele, alertando que os protestos estão apenas por começar. "Por que o Brasil ignorou o Ano Internacional da Árvore, por que os deputados votaram para destruí-las?", pergunta ele em meio ao conjunto impactante de fotografias de queimadas que realizou nos últimos anos no Norte e Nordeste.


Além das fotografias e backlights com imagens da queima da natureza - aquela que Krajcberg considera responsável pelo seu renascimento, depois das trágicas experiências que vivencia na Europa durante a Segunda Guerra -, a mostra também reúne relevos construídos com destroços de madeira, troncos retorcidos e destroçados que o artista resgata e transforma em elemento plástico de grande impacto visual; uma seleção de quatro documentários feitos sobre a sua vida e obra por cineastas como Walter Salles Jr. e Stéphane Bohi, e duas esculturas de grande porte. Uma delas jamais foi exposta.


Realizada para a frente do espaço Frans Krajcberg que seria criado no Parque do Ibirapuera pela Prefeitura de São Paulo, a obra é como um brado, um desabafo da natureza. Lembra uma grande árvore repleta de gigantescos espinhos tingidos de vermelho. Passou anos empacotada à espera da decisão da Justiça, já que a iniciativa de criar o espaço enfrentou a resistência dos moradores do bairro. Apesar de a Prefeitura ter obtido ganho de causa até o momento, o projeto foi definitivamente arquivado.


"A lição de Curitiba já foi muito humilhante", desabafa ele se referindo ao descaso com que as 110 obras que doou à prefeitura da capital curitibana foram tratadas após a alternância de poder. Segundo ele, seus trabalhos estavam em péssimo estado de preservação e conservação e celebra que finalmente conseguiu da Justiça o direito de tê-las de volta, supostamente para restauro, mas dificilmente Krajcberg autorizará seu retorno.


A abertura de novos espaços de exposição, debate e conscientização parece ser um de seus grandes objetivos. Sempre que é indagado sobre o caráter plástico de sua produção, ele desconversa, demonstrando que cada vez mais considera arte e vida como algo totalmente amalgamados. "Só o que é ecológico me interessa", desabafa ele que está em negociações com o Museu Guggenheim/NY, em torno de um novo espaço para divulgar sua obra já que, infelizmente, as iniciativas no Brasil têm se mostrado inviáveis.


Todos os planos, com exceção do da Bahia, enfrentam problemas. A opção por projetos locais - que se somariam ao museu que já leva seu nome na capital francesa - se deve a motivos óbvios. Não bastasse o fato de o Brasil bater tristes recordes de devastação ambiental e "esquecer que nessas florestas vive um povo, o indígena", foi graças à natureza brasileira que Krajcberg diz ter nascido uma segunda vez. "A natureza soube me dar a força e me deu o prazer de sentir, pensar, trabalhar e sobreviver."


Quando o artista desembarca por aqui, em 1948, já havia enfrentado os horrores da Segunda Guerra, visto sua família ser dizimada pelos nazistas e via com olhos extremamente críticos os rumos da dita civilização europeia. Veio parar por aqui ao acaso, por intermédio de um amigo que lhe foi apresentado por Marc Chagall. Desembarca em meio a uma grande efervescência cultural, participa da 1.ª Bienal de SP, convive com importantes artistas locais, como Sergio Camargo e Volpi. Mas é do contato com a natureza, a paisagem, a matéria orgânica que extrai energia e inspiração, seja nas florestas paranaenses, na Amazônia, nas montanhas de Minas Gerais ou nos mangues baianos.


QUEM É FRANS KRAJCBERG?


ARTISTA PLÁSTICO

Nascido na Polônia (1921), estudou artes e engenharia e mudou para o Brasil em 1948. Mantém desde os anos 1960 um sítio e ateliê em Nova Viçosa (BA) onde está sendo construído um espaço dedicado a sua obra e coleção.

SERVIÇO:

FRANS KRAJCBERG
Museu Afro Brasil

Av. P. Alvares Cabral, s/nº, Pq. do Ibirapuera,

fONE: 3320-8900. 10h/17h (fecha 2ª).

Grátis. Até 6/11.


07 de julho de 2011 0h 00

Maria Hirszman - O Estado de S.Paulo

domingo, 1 de maio de 2011

carTA ÀS futURAS GERAções



*Flutuação - obra inspirada na carta às futuras gerações


clique na imagem acima e conheça o processo atístico





por Ilya Prigogine




Escrevo esta carta na mais completa humildade. Meu trabalho é no domínio da ciência. Não me da qualquer qualificação especial para falar sobre o futuro da humanidade. As moléculas obedecem a ''leis". As decisões humanas dependem das lembranças do passado e das expectativas para o futuro. A perspectiva sob a qual vejo o problema da transição da cultura da guerra para uma cultura de paz - para usar a expressão de Federico Mayor - se obscureceu nos últimos anos, mas continuo otimista.

De qualquer forma, como poderia um homem da minha geração - nasci em 1917- não ser otimista? Não vimos o fim de monstros como Hitler e Stalin? Não testemunhamos a miraculosa vitória das democracias na Segunda Guerra Mundial? No final da guerra, todos nós acreditávamos que a História recomeçaria do zero, e os acontecimentos justificaram esse otimismo.

Os marcos da era incluem a fundação da Organização das Nações Unidas e da Unesco, a proclamação dos direitos do homem e a descolonização. Em termos mais gerais, houve o reconhecimento das culturas não européias, do qual derivou uma queda do eurocentrismo e da suposta desigualdade entre os povos "civilizados e os ''não-civilizados". Houve também uma redução na distância entre as classes sociais, pelo menos nos países ocidentais.

Esse progresso foi conquistado sob a ameaça da Guerra Fria. No momento da queda do Muro de Berlim, começamos a acreditar que enfim seria realizada a transição da cultura da guerra para a cultura da paz. No entanto a década que se seguiu não tomou esse rumo. Testemunhamos a persistência, e até mesmo a ampliação, dos conflitos locais, quer sejam na África, quer nos Bálcãs. Isso pode ser considerado, ainda, como um resultado da sobrevivência do passado no presente. No entanto, além da ameaça nuclear sempre presente, novas sombras apareceram: o progresso tecnológico agora torna possível guerras travadas premindo botões, semelhantes de alguma forma a um jogo eletrônico.

Sou uma das pessoas que ajudaram a formular as políticas científicas da União Européia. A ciência une os povos. Criou uma linguagem universal. Multas outras disciplinas, como a economia e a ecologia, também requerem cooperação internacional. Fico, por isso, ainda mais atônito quando percebo que os governos estão tentando criar um exército europeu como expressão da unidade da Europa. Um exército contra quem? Onde está o inimigo? Por que esse crescimento constante nos orçamentos militares, quer na Europa, quer nos Estados Unidos? Cabe às futuras gerações tomar uma posição sobre isso. Na nossa era, e isso será cada vez mais verdade no futuro, as coisas estão mudando a uma velocidade jamais vista. Vou usar um exemplo científico.

Quarenta anos atrás, o número de cientistas interessados na física de estado sólido e na tecnologia da informação não passava de umas poucas centenas. Era uma "flutuação", quando comparado às ciências como um todo. Hoje, essas disciplinas se tornaram tão importantes que têm conseqüências decisivas para a história da humanidade.

Crescimento exponencial foi registrado no número de pesquisadores envolvidos nesse setor da ciência. E um fenômeno de proporção sem precedentes, que deixou muito para trás o crescimento do budismo e do cristianismo.

Em minha mensagem às futuras gerações, gostaria de propor argumentos com o objetivo de lutar contra os sentimentos de resignação ou impotência. As recentes ciências da complexidade negam o determinismo; insistem na criatividade em todos os níveis da natureza. O futuro não é dado.

O grande historiador francês Fernand Braudel escreveu: ''Eventos são poeira". Isso é verdade? O que é um evento? Uma analogia com ''bifurcações", estudadas na física do não equilíbrio, surge imediatamente. Essas bifurcações aparecem em pontos especiais nos quais a trajetória seguida por um sistema se subdivide em ramos". Todos os ramos são possíveis, mas só um deles será seguido. No geral não se vê apenas uma bifurcação. Elas tendem a surgir em sucessão. Isso significa que até mesmo nas ciências fundamentais há um elemento temporal, narrativo, e isso constitui o "fim da certeza", o título do meu último livro. O mundo está em construção e todos podemos participar dela.

Metáforas úteis como escreveu Immanuel Wallerstein: ''É possível - possível, mas não certo - criar ou construir um mundo mais humano e igualitário, melhor ancorado no racionalismo material". Flutuações do nível microscópico decidem que ramo emergirá em cada ponto de bifurcação, e portanto que evento acontecerá. O apelo às ciências da complexidade não significa que estejamos sugerindo que as ciências humanas sejam "reduzidas" à física. Nossa empreitada não é de redução, mas de reconciliação. Conceitos introduzidos das ciências da complexidade podem servir como metáforas muito mais úteis do que o tradicional apelo a metáforas newtonianas.

As ciências da complexidade, assim, conduzem a uma metáfora que pode ser aplicada à sociedade: um evento é a aparição de uma nova estrutura social depois de uma bifurcação; flutuações São o resultado de ações individuais.

Todo evento tem uma ''microestrutura''. Tomemos um exemplo histórico a Revolução Russa de 1917. 0 fim do regime czarista poderia ter tomado diferentes formas, e o ramo seguido resultou de diversos fatores, tais como a falta de previsão do czar, a impopularidade de sua mulher, a debilidade de Kerensky, a violência de Lênin. Foi essa microestrutura, essa flutuação, que determinou o desfecho da crise e, assim, os eventos que a ela se seguiram.

Desse ponto de vista, a história é uma sucessão de bifurcações. Um exemplo fascinante de como isso transcorre é a transição da era paleolítica para a neolítica, que aconteceu praticamente no mesmo período em todo o mundo (esse fato é ainda mais surpreendente dada a longa duração da era paleolítica). A transição parece ter sido uma bifurcação ligada a uma exploração mais sistemática dos recursos minerais e vegetais. Muitos ramos emergiram dessa bifurcação: o período neolítico chinês, com sua visão cósmica, por exemplo, o neolítico egípcio, com sua confiança nos deuses, ou o ansioso período neolítico do mundo pré-colombiano.

Toda bifurcação tem beneficiários e vítimas. A transição para a era neolítica trouxe a ascensão de sociedades hierárquicas. A divisão do trabalho implicou em desigualdade. A escravidão foi estabelecida e continuou a existir até o século 19. Ainda que o faraó tivesse uma pirâmide como tumba, seu povo era enterrado em valas comuns.

O século 19, da mesma forma que o 20, apresentou uma série de bifurcações. A cada vez que novos materiais eram descobertos - carvão, petróleo ou novas formas de energia utilizável-, a sociedade se transformava. Será que não se poderia dizer que, tomadas como um todo, essas bifurcações conduziram a uma maior participação da população na cultura' e que de lá por diante as desigualdades entre as classes sociais nascidas na era neolítica começaram a diminuir?

Homem e natureza No geral, bifurcações são a um só tempo um sinal de instabilidade e um sinal de vitalidade em uma dada sociedade. Elas expressam também o desejo por uma sociedade mais justa. Mesmo fora das ciências sociais, o Ocidente preserva um espetáculo surpreendente de bifurcações sucessivas. A música e a arte, por exemplo, mudam a cada 50 anos. O homem continuamente explora novas possibilidades, concebe utopias que podem conduzi-lo a uma relação mais harmoniosa entre homem e homem e homem e natureza. E esses são temas que ressurgem constantemente nas pesquisas de opinião sobre o caráter do século 21.

A que ponto chegamos? Estou convencido de que estamos nos aproximando de uma bifurcação conectada ao progresso da tecnologia da informação e a tudo que a ela se associa como a multimídia, robótica e inteligência artificial. Essa é a "sociedade de rede", com seus sonhos de aldeia global.

Mas qual será o resultado dessa bifurcação? Em qual de seus ramos nos encontraremos? A palavra "globalização" cobre uma grande variedade de situações diferentes? E possível que os imperadores romanos já estivessem sonhando com globalização, uma cultura única dominando o mundo. A preservação do pluralismo cultural e o respeito pelo outro exigirá toda a atenção das gerações futuras. Mas há outros riscos no horizonte.

Cerca de 12 mil espécies de formigas são conhecidas hoje. Suas colônias variam de algumas centenas a muitos milhões de indivíduos. E interessante notar que o comportamento das formigas depende do tamanho da colônia. Em colônias pequenas, a formiga se comporta de forma individualista, procurando comida e a levando de volta ao ninho. Quando a colônia é grande, porém, a situação muda e a coordenação de atividades se toma essencial. Estruturas coletivas surgem espontaneamente, então, como resultado de reações autocatalíticas entre formigas que produzem trocas de informação medidas quimicamente.

Não é coincidência que nas grandes colônias de formigas ou térmites os insetos individuais se tomem cegos. O crescimento populacional transfere a iniciativa do indivíduo para a coletividade.

Por analogia, podemos nos perguntar qual será o efeito da sociedade da informação sobre nossa criatividade individual. Há vantagens óbvias nesse tipo de sociedade - basta pensar na medicina ou na economia. Mas existe informação e desinformação. Como diferenciá-las? Claramente, isso requer cada vez mais conhecimento e um senso crítico desenvolvido. O verdadeiro precisa ser distinguido do falso,o possível do impossível. O desenvolvimento da informação significa que estamos legando uma tarefa pesada às futuras gerações. Não devemos permitir que surjam novas divisões resultando da ''sociedade de redes" baseada na tecnologia da informação. Mas é preciso igualmente examinar questões mais fundamentais.

Em sentido geral será que a bifurcação reduzirá a distância entre os países ricos e os pobres? A globalização será caracterizada pela paz e democracia ou por violência, aberta ou disfarçada? Cabe às futuras gerações criar as flutuações que determinarão o rumo do evento correspondente à chegada da sociedade da informação.

Minha mensagem às futuras gerações, portanto, é de que os dados não foram lançados e que o caminho a ser percorrido depois das bifurcação ainda não foi escolhido. Estamos em um período de flutuação no qual as ações individuais continuam a ser essenciais.

Quanto mais a ciência avança, mais nos espantamos com ela. Fomos da idéia geocêntrica de um sistema solar para a heliocêntrica, e de lá para a idéia das galáxias e, por fim, para a dos múltiplos universos. Todos já ouviram falar do Big Bang. Para a ciência, não existe um evento único, e isso conduziu à idéia de que múltiplos universos podem existir. Por outro lado, o homem é até agora a única criatura viva consciente do espantoso universo que o criou e que ele, por sua vez, pode alterar. A condição humana consiste em aprender a lidar com essa ambigüidade. Minha esperança é de que as gerações futuras aprendam a conviver com o espanto e com a ambigüidade.

A cada ano, nossos químicos produzem milhares de novas substâncias, muitas das quais derivadas de produtos naturais - um exemplo da criatividade humana no seio da criatividade natural como um todo. Esse espanto nos leva a respeitar os outros. Ninguém é dono da verdade absoluta, se é que essa expressão significa alguma coisa. Acredito que Richard Tarnes esteja certo: ''A paixão mais profunda da alma ocidental é redescobrir a unidade com as raízes de seu ser''.

Essa paixão leva à afirmação prometéica do poder da razão, mas a razão pode também conduzir à alienação, a uma negação daquilo que dá valor e significado ávida. Cabe às futuras gerações construir uma nova coerência que incorpore tanto os valores humanos quanto a ciência, algo que ponha fim às profecias quanto ao ''fim da ciência'', ''fim da história" ou quanto ao advento da ''pós-humanidade''.

Estamos apenas no começo da ciência, e muito distantes do tempo em que se acreditava possível descrever todo o universo em termos de algumas poucas leis fundamentais. Encontramos o complexo e o irreversível no domínio microscópico (tal como associado às partículas elementares), no domínio macroscópico que nos cerca e no domínio da astrofísica. Cabe às futuras gerações construir uma nova ciência que incorpore todos esses aspectos, porque, por enquanto, a ciência continua em sua infância.

Da mesma forma, o fim da história poderia ser o fim das bifurcações e a realização das visões de pesadelo de Orwell ou Huxley quanto a uma sociedade atemporal que perdeu sua memória. Cabe às futuras gerações manterem-se vigilantes para garantir que isso jamais aconteça. Um sinal de esperança é o de que o interesse pela natureza e o desejo de participar da vida cultural jamais foi maior do que hoje. Não precisamos de nenhum tipo de pós-humanidade. Cabe ao homem tal qual é hoje, com seus problemas, dores e alegrias, garantir que sobreviva no futuro. A tarefa é encontrar a estreita via entre a globalização e a preservação do pluralismo cultural, entre a violência e a política, e entre a cultura da guerra e a da razão. São responsabilidades pesadas.

Uma carta às gerações futuras é sempre e necessariamente escrita de uma posição de incerteza, de uma extrapolação arriscada do passado. No entanto, continuo otimista. O papel dos pilotos britânicos foi crucial para decidir o desfecho da Segunda Guerra Mundial. Foi, para repetir uma palavra que usei com freqüência nesse texto, uma ''flutuação". Confio em que flutuações como essa surgirão sempre, para que possamos navegar seguros entre os perigos que hoje percebemos. É com essa nota de otimismo que eu gostaria de encerrar minha mensagem.

Cabe às futuras gerações construir uma nova coerência que incorpore tanto os valores humanos quanto a ciência, algo que ponha fim às profecias quanto ao ''fim da ciência'', ''fim da história'' ou até quanto ao advento da pós-humanidade.

(...)


Conta comigo, Ilya

sábado, 19 de março de 2011

spCIAdeDANÇA


remBRANdt e modiGLIAni e um OLHar

Proposta de leitura de imagem.



Rembrandt – Retrato de Jovem com Corrente de Ouro 1635
Modigliani - Chakoskaóleo sobre tela, 81 x 45 cm


Segundo Renato Brolezzi¹, o retrato nasce e se firma com o objetivo de colocar diante dos olhos do observador a complexa trama das potências do espírito daquele que é retratado.


Por meio do “Retrato de Jovem com Corrente de Ouro” de Rembrandt, podemos observar a vivacidade da figura, a luz e sombra que valoriza a expressão (chiaroscuro). Não só ilumina o que considera valioso na figura como também o faz contrastar com o fundo negro e os tons ocres de suas vestes.


Percebemos nesta obra a preocupação do artista com a verossimilhança, mas ao mesmo tempo a emoção já se faz presente de forma sutil.


O personagem olha diretamente o espectador e transmite uma certa melancolia, criando uma sensação de que a qualquer momento vai se mover ou falar.


Na obra de Modigliani, notamos a valorização da subjetividade do artista, subjetividade que não despreza o conhecimento adquirido pelas escolas, mas que o agrega em sua criação.


A influência da arte africana e das correntes artísticas daquele momento histórico: expressionismo e cubismo estão presentes em sua obra.

Observando a obra “Chakoska” vemos a figura de uma mulher sentada como se estivesse a esperar alguém ou alguma coisa, seu rosto tem aspecto de máscara, referência às tradicionais máscaras africanas. Apesar de sua expressão serena há exageros no tamanho da testa, pescoço e braços. A cabeça em formato de ovóide e seus olhos são amendoados, o que gera uma sensação de estranheza, como se a figura não fizesse parte do nosso mundo.


No período de aproximadamente 300 anos que separam Rembrandt e Modigliani podemos notar o caminho traçado pelos artistas. Transformações que se deram por questões políticas, sociais e pessoais, a necessidade do artista expressar sua arte em sua subjetividade, sua liberdade de expressão e a materialização de sua visão de mundo.

Os artistas não se limitam em sua nova visão de arte, agregam também conceitos do passado, adaptando-os conforme sua necessidade.


Na obra de Modigliani podemos observar o retorno da linha favorecendo o desenho e ampliando a percepção isolada das formas, algo que Rembrandt já não utilizava, pois desenvolvia em sua obra uma pintura com contraste de luz e sombra e a diluição dos contornos.

No detalhe da obra ao lado, podemos ver a valorização da expressão da figura por meio da diversidade de tons, definindo cada musculatura do rosto. Vale destacar também a passagem brusca dos tons claros para os escuros destacando assim o volume.


Em “Chakoska” as passagens de tons são mais sutis e podemos notar a utilização de cores escuras. Na pele podemos observar tons alaranjados e avermelhados. O fundo é perceptível, mas não há muita profundidade, dando a idéia de que a figura esteja encostada numa parede. Como dito anteriormente, Modigliani não tem compromisso com a verossimilhança, ele busca para arte a sua subjetividade. As leves deformações presentes em suas obras tornam-na característica principal de sua individualidade, assim como a emoção que suas figuras transmitem pela junção das cores, expressão e postura.

Nas transformações da arte durante os longos períodos de sua história podemos dizer que os artistas têm se aperfeiçoado em técnicas e transmitindo por meio de suas obras a visão pessoal, para que sua arte não seja a cópia do real, mas sim a sua essência materializada.

¹ Historiador de arte e professor das Faculdades de Campinas e do Masp.

modiGLIANi e sUAS FORmas

Amedeo Clemente Modigliani, o mais novo dos quatro filhos de Flaminio e de Eugenia Modigliani, nasceu em 12 de julho de 1884, em Livorno (Leghorn), na Toscana. A família pertencia à burguesia judaica mais secularizada, mas devido a uma crise econômica na Itália a empresa da família abriu falência e para ajudar às despesas da casa a mãe de Modigliani começou a dar lições particulares e a fazer traduções. Modigliani cresceu num ambiente de literários e filosóficos e situações financeiras precárias.
Em 1898, Modigliani contraiu febre tifóide e o seu destino de artista lhe é revelado num mítico sonho delirante. Depois de restabelecido, abandonou a escola e estudou com o pintor Guglielmo Micheli na Academia de Arte de Livorno.
Guglielmo Micheli era artista de Livorno, ex-aluno de Giovanni Fattori, recebeu de seu mestre a paixão por paisagens e animais, principalmente bovinos e eqüinos.
Em 1902, Modigliani inscreveu-se na Scuola Libera di Nudo em Florença e tem aulas com Giovanni Fattori. Visitou museus e igrejas de Florença e estudou a arte do Renascimento.
Nas Bienais de 1903 e de 1905, viu as obras dos Impressionistas franceses, esculturas de Rodin e pinturas que se inserem na corrente do Simbolismo.
No início de 1906, o pintor foi para Paris. Instalou-se num pequeno estúdio em Montmartre e freqüentou aulas de modelo-vivo na Académie Colarossi. Conheceu Maurice Utrillo, seu amigo toda por toda a vida. No outono, trocou conhecimentos com o pintor alemão Ludwig Meidner, que o descreve como "o último boêmio autêntico".
Em 1907, o pintor Henri Doucet leva Modigliani para a casa da Rue de Delta, que o jovem médico Paul Alexandre e o irmão alugaram para apoiarem os jovens artistas.
Modigliani visitou a retrospectiva de Cézanne, que o impressionou profundamente. Os seus quadros revelam uma forte influência dos modelos Simbolistas assim como os quadros de Toulouse-Lautrec e de Edvard Munch.
Modigliani expôs seis quadros no Salon des Indépendants em 1908, incluindo 'A Judia'. Apesar da saúde débil, participa da vida boêmia e dissoluta dos artistas de Montmartre.


Modigliani pinta, em 1915, um retrato de Picasso. No ano seguinte fez muitos retratos de contemporâneos famosos.
Em 1917, pintou uma série de cerca de trinta pinturas de nus. Em abril, Modigliani conhece uma jovem de dezenove anos, Jeanne Hébuterne, que estuda na Académie Colarossi. Mudaram-se para um apartamento na Rue de la Grande Chaumière. Em 3 de dezembro, foi inaugurada a sua primeira exposição individual na Galeria de Berthe Weill. A exposição foi forçada a encerrar-se durante a inauguração, porque os seus nus foram considerados escabrosos.

Em 1919 houve apresentação de várias obras de Modigliani em exposições realizadas na Inglaterra. Foi exposto em Heale, na mostra de 'Pintura Moderna Francesa', e na Hill Gallery em Londres. Os colecionadores de arte inglesa começam a comprar os seus quadros.

Em 24 de janeiro de 1920, Modigliani morre no Charité de Paris.





um OLHar em remBRANDT


Rembrandt Harmensz van Rijn



Rembrandt Harmensz van Rijn nasceu em 15 de julho de 1606 na cidade holandesa de Leyden.


Desde a infância recebeu uma excelente formação humanista, após se inscrever na universidade decidiu seguir sua vocação artística. Estudou no ateliê de Jacob Isaaksz onde adquiriu alguns conhecimentos técnicos.



Após alguns anos entrou na escola de Pieter Lastman em Amsterdã – pintor holandês que recebeu grande influência de Caravaggio.


Lastman era um artista habilidoso, educado na Itália, apresentou a Rembrandt o chiaroscuro, o uso da luz e das sombras para modelar formas e produzir efeitos dramáticos; a técnica seria central à sua arte. Em suas pinturas valorizou com luz o rosto, as mãos e os pés dos personagens.


Rembrandt não só deve à influência a esse mestre pela predileção para efeitos arrebatados e dramáticos, mas também ao amor pela representação de belos móveis, utensílios preciosos e tecidos suntuosos.


Em 1625, em parceria com o jovem artista Jan Lievens abriu um ateliê e devido sua boa relação com o marchand de quadros Endrik van Eylenburgh suas encomendas aumentaram rapidamente.

No início de 1632, mudou-se para Amsterdã, onde fez sucesso imediato com A Lição de Anatomia do Dr. Tulp.



A lição de Anatomia do Dr. Tulp – 1632, Mauritshuis, Haia






Rembrandt alojou-se com seu amigo marchand, que se tornou seu sócio e o ajudou a conseguir as muitas encomendas de retratos que o tornaram um jovem artista da moda e de vida abastada.
Em 1634, Rembrandt casou-se com a sobrinha de seu sócio, Saskia van Uylenburgh. Três filhos de Rembrandt morreram na infância, e embora um deles, Tito, tenha nascido em 1641 e sobrevivido, Saskia, a esposa de Rembrandt, viria a morrer no ano seguinte.
Mesmo assim, este foi o ano em que o artista pintou o mais celebrado de seus quadros, A Ronda Noturna e alcançou o ápice de seu sucesso público.


A Ronda Noturna, de 1642 (Rijksmuseum, Amsterdam)


A partir desse momento, a vida particular de Rembrandt tornou-se emaranhada, posto que as evidências sejam muito difíceis de interpretar.


Em 1642, o pintor empregou uma viúva, Geertge Dircx, para cuidar de Tito. Em 1649 ela o processou, por quebra de compromisso. Anos mais tarde estava em uma casa de correção, sustentada à custa de Rembrandt.

Hendrickje Stoffels foi trabalhar para Rembrandt por volta de 1647. Ela pode ter sido a causa de seu rompimento com Geertge Dricx.

Hendrickje permaneceu como governanta e amante do pintor até sua morte, em 1663. Em outubro de 1654 nasceu mais uma filha, Cornelia.

No início da década de 1650 havia deixado de ser um sucesso, mas nunca lhe faltaram clientes ricos. Foi provavelmente a má administração que o levou à falência em 1656, culminado com a venda de sua casa em 1660. Tito e Hendrickje formaram uma sociedade para empregar Rembrandt, para que os quadros não caíssem nas mãos dos credores. A família mudou-se para os arredores de Amsterdã.

Morreu em outubro de 1669.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

gaL OPPido

[texto extraído do site Museu Afro Brasil]
O Museu Afro Brasil, instituição da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo, inaugura no próximo dia 26 de fevereiro a exposição Antífona de Gal Oppido. São 27 registros de rostos e corpos de intensa feminilidade produzidos como forma de retomar a discussão sobre o papel da mulher da atualidade. Cada uma das fotos apresenta mulheres com personalidades e características diferentes, traduzindo a visão do artista sobre o feminino liberto. “ A mulher que recentemente tem sua sexualidade afirmada igualitariamente perante uma sociedade até então de acento masculino, abrindo um horizonte para a compreensão dos inúmeros vínculos afetivos possíveis entre os humanos”, explica Gal.

Para conceituar este novo trabalho, e o sentido de liberdade que ele impõe, o fotógrafo mergulhou na obra do poeta Cruz e Souza, de onde emprestou o título da exposição. “Ele (Cruz e Souza) de vasta erudição dirige sua crítica para esta sociedade serpenteada pelo racismo, preconceito e discriminação, sem abandonar o seu fazer poético, donde escolhi o poema Antífona, para animar as imagens resultantes deste ensaio”, conclui.

“Forças originais, essência, graça
De carnes de mulher, delicadezas...Todo esse eflúvio, que por ondas passa
do éter nas róseas e áureas correntezas”
[Cruz e Souza, Antífona]

Fotógrafo ensaísta, Marcos Aurélio Oppido é nome marcante quando o assunto é a fotografia aplicada às áreas de artes cênicas, expressão corporal e arquitetura. Expondo desde 1981, seus trabalhos integram acervos do MASP, MAM e MIS.
Formado em arquitetura pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU/USP), em 1975, Gal inicia sua carreia aliando a fotografia ao desenho, fortalecendo-se anos depois como fotógrafo independente. Conhecido por seu trabalho extremamente autoral, explora o corpo, a efemeridade do tempo, a simbologia de objetos abandonados e a relação do homem com a matéria.

Abertura: 26 de fevereiro - Hora: 12h00
Duração: 26 de fevereiro a 17 de abril
Funcionamento: de terça a domingo, das 10 às 17 horas (permanência até às 18h)
Estacionamento: Portão 3 – Zona Azul

Entrada: Grátis
Classificação: Livre
Para maiores informações: faleconosco@museuafrobrasil.org.br
Para agendar visitas: agendamento@museuafrobrasil.org.br ou Fone: 55 11 3320-8921

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

SP cia de DANÇA

A São Paulo Cia de Dança convida para a Palestra com o Professor, com a grande mestra de dança Inês Bogéa.
Participe!




segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

roMAGNOlo

Para os apreciadores das obras de Sérgio Romagnolo.

domingo, 30 de janeiro de 2011

danÇA PAra idOSOs

PROPOSTAS DE ATIVIDADES EM DANÇA
para idosos
uma homenagem à mestra renée gumiel

(RE)CONHECENDO OS MOVIMENTOS

Material necessário: Aparelho de som.
Foco: Reconhecimento da relação entre corpo e espaço, criação de movimentos estimulados por diferentes músicas e ritmos.
Descrição: Num ambiente com música, solicita-se que o grupo ande pelo espaço aleatoriamente observando tudo que está a sua volta (os objetos, parede, portas, etc), estabelecendo também uma relação com as pessoas que compartilham este mesmo lugar, olhando em seus olhos e transmitindo através do olhar “uma mensagem ou sentimento” (sem falar).
Após esta fase orienta-se o grupo (ainda caminhando) a ouvir a música e prestar atenção nas variáveis (dos sons, ritmos, etc), passados poucos minutos, orienta-se ao grupo a parar de andar e na posição em que pararem, lentamente comecem a “desenhar” esta música com o corpo (como se os movimentos pudessem traduzir o que a música está comunicando).
O desdobramento desta atividade se dará com a formação de duplas, no qual integra-se seus movimentos ao do colega, formando uma só música, aumentando aos poucos as formações em trios, sextetos, até formar um grande grupo, interagindo entre eles, no “desenho” de uma só música.

Orientações:
Música – A escolha das músicas é fundamental para o processo deste jogo, recomendam-se músicas instrumentais ou clássicas, para que atenção do idoso não se prenda à letra e sim ao estímulo do processo criativo e da sensibilidade.
Utilização dos planos – É muito importante também o incentivo para que os idosos utilizem movimentos nos diferentes planos (conforme suas condições físicas e motoras), o rompimento com a racionalização, permitindo que este possa ser conduzido ao processo de criação e uma vivência/ experimentação intensa (não há certo ou errado nas linguagens da arte).

Planos: Alto – em pé ou nas pontas do pé, Médio – com joelhos flexionados, de joelhos ou curvado, Baixo – no chão, deitado.
Concentração: Orienta-se ao grupo de idosos que estejam concentrados na atividade e fiquem atentos às instruções sem “quebrar” o jogo.
Contextualização: Para o fechamento deste jogo, é muito importante a contextualização da atividade, ou seja, que o grupo saiba qual objetivo destas ações e que possam colocar também suas experiências oriundas do jogo. Além da fundamentação gerontológica, que pode partir do contexto dos pilares do “Envelhecimento Ativo” – Saúde, Participação e Segurança (OMS-2005) ou Estatuto do Idoso – as conquistas dos direitos através da união dos idosos ligados pelo mesmo objetivo, a promoção de uma melhor qualidade de vida e a garantia do pleno exercício da cidadania.



EXPRESSÃO CORPORAL COM OBJETOS

Material: bola de borracha e aparelho de som.
Foco: Estimular a concentração e criação de movimentos em expressão corporal através de objetos.
Descrição: Em círculo pedir para que o grupo se observe, concentrando o olhar nos olhos dos demais colegas. Após alguns minutos, apresentar uma bola de borracha ao grupo e orientar o jogo, ou seja, cada participante jogará a bola ao colega sem comunicar verbalmente, apenas olhando para o outro e passando a bola sem deixá-la cair ao chão. Com a participação de todos idosos, ainda em círculo, coloca-se uma música e orienta-se que o grupo passe a bola no ritmo da música, criando uma nova forma de entregar à bola ao colega, podendo-se utilizar as variáveis de planos e formas de andar.
Para o desdobramento desta atividade, o grupo passa a bola andando pelo espaço aleatoriamente, utilizando-se de expressões corporais em variáveis de planos, criação de personagens ou apenas no “desenho corporal” da música.
Orientações:
Jogar a Bola: Orientar o grupo que ao passar a bola para o colega, relacionar o objeto como se este fosse algo muito valioso, para que o receptor possa tratá-lo também com carinho e cuidado.
Objetos: além da bola pode incluir outros objetos durante o andar aleatório, para estimular a criação nos idosos.
Música: A escolha das músicas é fundamental para o processo deste jogo, recomendam-se músicas instrumentais ou clássicas, para que atenção do idoso não se prenda à letra e sim ao estímulo do processo criativo e da sensibilidade.
Contextualização: A troca de experiências durante este processo é fundamental para o fechamento desta atividade, assim como a correlação existente no Capítulo II do Estatuto do Idoso – Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade.

O haPPENIng dE kaPROW


Allan Kaprow (1927-2006) foi um dos primeiros artistas a atuar em happening’s no final da década de 50, influenciado pelas obras e idealizações de Pollock.


Kaprow foi um dos artistas pioneiros que influenciaram a arte contemporânea, com uso de materiais do cotidiano e a criação Happening’s - acontecimentos que levam o púbico à reflexão e vivência de momentos diferenciados e inusitados. Diferente de pinturas, esculturas e colagens, o happening não é uma arte comercial, no qual alguém possa comprá-lo e levá-lo para casa. É um acontecimento imediato, uma vivência única em lugares diversificados.


Para o artista, o happening também se torna um desafio, pois é a arte que impulsiona a exploração do espaço e o questionamento dos limites artísticos que condicionam obra e a criação.

Seu primeiro happening “18 Happening’s em 6 Partes” aconteceu em 04 de outubro de 1959 na galeria New Yorker Reuben Gallery. Três pequenas salas tinham sido criadas com paredes feitas de um quadro de madeira coberto com plástico semi-transparente. Em cada quarto, havia algumas cadeiras e uma iluminação diferenciada.

Assim que os convidados entravam na sala, recebiam um programa e três pequenos cartões grampeados. O programa explicava as instruções contidas com o desenvolvimento da ação dividido em seis partes, retratada pelo toque de um sino.

Consistiu o desempenho individual de uma série de 18 acontecimentos - em cada sala, em seis partes - para que as pessoas não fosse capazes de ver todos os acontecimentos.

O happening foi variado havendo trocas entre intérpretes; em um deles, um homem caminhava lentamente para um quarto e realizou uma série de movimentos rígidos coreografados.



Em outras partes, laranjas foram esmagadas solenemente por uma garota, outra consistia de um homem pintando uma tela, em frente ao público. Todas as performances foram acompanhadas por música em intervalos e iluminação que sofriam várias alterações.


Kaprow utilizou em sua obra a exploração dos sentidos: tato, olfato, paladar, audição e visão, uma forma de permitir a vivência e a interação completa entre seu público e sua obra.

Kaprow também idealizou o “Happening da Primavera”, no qual o público andava em um túnel escuro aos sons de latas sendo esmagadas. No transcorrer da caminhada, podiam observar homens lutando e uma menina nua. O artista idealizou esta ação estimulando a sensibilidade do público para representar alguém em pesadelos.
Happening da Primavera