sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

manoEL VEIga na naRA ROESler


Sem título ID 1286 - manoel veiga
2010
acrílica sobre tela
105 x 180 cm

Em sua exposição de estréia na Galeria Nara Roesler, Manoel Veiga traz onze pinturas inéditas. A técnica particular do artista, influência de sua formação em engenharia eletrônica com passagem pela física, consiste em apropriar-se de fenômenos da natureza (difusão, gravidade, etc.) e usar as propriedades químicas dos pigmentos para gerar o deslocamento da tinta sobre a tela, operação sem pincel que resulta na pintura final. Com a tela deitada, utiliza pigmentos, água e pulverizador para construir fluxos, através dos quais articula relações de tempo e espaço, criando um sistema que inclui o acaso.

“Nestas novas obras, busquei minimizar as bordas da tela, tentando trazer o olho para dentro da pintura, que agora sugere uma geometria ordenadora dos movimentos fluidos internos”, explica o artista. Ao introduzir na nova série o uso de gesso acrílico de preparação de tela como matéria pictórica, Veiga alcança também surpreendente luminosidade e uma variação tonal de brancos, só possível devido ao seu processo de trabalho. No texto para a exposição, o jovem crítico Pedro França, que será o coordenador dos eventos da próxima Bienal Internacional de São Paulo, intitula a série de pinturas de MVHD (Manoel Veiga High Definition). “A tinta se espalha, as cores se destacam e o espaço se introduz por difusão. Nada de pincel, nada de pixel à vista: espaço fluido, apenas, sem unidade material constituinte, imagem de um campo de imersão sem limites”.

Ao lado de sua formação acadêmica, Manoel Veiga (1966, Recife, PE), sempre esteve próximo ao campo das artes. No início, em Recife, buscou orientação do artista Gil Vicente, além de, em 1997, estudar arte em Paris. Depois quando veio morar em São Paulo, a partir de 1998, estudou História da Arte com Rodrigo Naves e Leon Kossovitch e desenvolveu estudos técnicos com Carlos Fajardo e Nuno Ramos.

O artista realizou individuais em Recife (Fundação Joaquim Nabuco, Dumaresq Galeria, etc), Curitiba (Museu de Arte Contemporânea do Paraná), Porto Alegre (Centro Cultural Usina do Gasômetro), João Pessoa (Centro Cultural de São Francisco) e São Paulo (Paço das Artes e Espaço Virgílio), e participou de várias coletivas, ente as quais, "Action Painting Today", Galeria Dengler Und Dengler Stuttgart Alemanha, 2009, “Geração da virada – 10+1: os anos recentes da arte brasileira”, Instituto Tomie Ohtake São Paulo, 2006, Centro de Arte Marnay Marnay-Sur-Seine França, 2005, “Pintura vs. Fotografia”, Paço das Artes São Paulo, 2004, “Novas aquisições”, Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães Recife, 2004.



texto extraído do site da galeria Nara Roesler
http://www.nararoesler.com.br/exposicao_sobre/mvhd

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

arTE EDUcação e geRONTOlogia

OFICINAS SÓCIO EDUCATIVAS PARA O IDOSO NO CONTEXTO SOCIAL
por Diego Miguel¹
Daniela Nascimento Augusto²


Os avanços científicos e tecnológicos dos últimos anos, assim como a adequação de hábitos mais saudáveis contribuíram consideravelmente para o aumento da expectativa de vida no Brasil.
Apesar do crescimento da população idosa ser algo notável em nossa sociedade, não nos preparamos previamente para tal situação, mas neste recente cenário também podemos enumerar conquistas, dentre elas a criação do Estatuto do Idoso no dia 1º de outubro de 2003, como forma de garantir os direitos do cidadão idoso em sua plenitude e compartilhar com a sociedade as necessidades de adequações.
Frequentemente ouvimos nos principais veículos de comunicação dicas de envelhecimento saudável ações previstas nas Políticas Públicas conforme prevê o capítulo V – art. 24 do Estatuto do Idoso - algo que aos poucos vai se infiltrando em nossa cultura popular, buscando contradizer os velhos mitos da tradicional imagem da velhice, desenhadas desde o imaginário infantil e alimentada na caminhada à maturidade.
No contexto do envelhecimento ativo surgem também programas de atividades voltados ao público idoso visando à promoção do envelhecimento saudável em consonância com as Políticas Públicas, universidades e iniciativa privada.
São projetos que contam na maioria das vezes com uma programação diversificada que contemplam os diversos eixos que favorecem a cidadania: saúde, cultura, lazer, educação, entre outros.
A diversidade de atividades disponíveis para o idoso buscam atender as principais características do envelhecimento, atuando na prevenção da autonomia, da saúde, garantindo a inclusão e o protagonismo social.
Este é um mercado crescente que aos poucos vêm sendo explorado por uma gama de profissionais da educação formal e não formal que optam por trabalhar com este público e que aos poucos buscam se capacitar na área da gerontologia.
Para desenvolver um trabalho que contemple os aspectos biopsicossocias do envelhecimento é necessário ter o conhecimento gerontológico, ou bastaria apenas a sensibilidade para lidar com este público?
Existem vários projetos que integram o idoso, somando saberes e ciências que favorecem o protagonismo, promoção social através de diversas oficinas, por exemplo, a de artesanato com o foco na geração de renda, oficinas de artes que fornecem novos conhecimentos e acesso à distintas culturas favorecendo a pesquisa e o conhecimento dos vários seguimentos da gerontologia.
Há oficinas também que propiciam o debate e a reflexão sobre os direitos da pessoa idosa incentivando a participação ativa na conquista de novos desafios, fortalecendo seu papel de cidadão.
As atividades físicas são geralmente as mais procuradas por este público e as que estão mais disponíveis nos projetos, variando de alongamento à yoga, o que talvez reflita o paradigma do exercício físico relacionado ao envelhecimento ativo.
Neste cenário, não muito raro, nos deparamos com oficinas e cursos que sem fundamentação reforçam o mito da ociosidade desta fase da vida, geralmente com atividades que são pré elaboradas e que não visam estimulação, favorecendo a dependência de uma liderança, limitando a criatividade, a oportunidade de reflexão e a autonomia.
Esta é uma questão para que, enquanto profissionais atuantes pela causa, possamos refletir sobre a nosso papel social, visto que trabalhamos com um público que tem suas peculiaridades e que hoje necessitam de algo muito além do mero passatempo.
A resistência de alguns profissionais para novos aprendizados, ou a possibilidade de acreditarem que dentro de suas especialidades já estão no ápice do conhecimento é um dos aspectos dificultadores para a realização de um trabalho satisfatório.
Estamos em constante aprendizado, isto é fato, a teoria e a prática estão em constantes avanços e nos proporcionam novas diretrizes.
Trabalhar com pessoas é lidar com sentimentos, emoções e culturas diferenciadas, este é o grande desafio.
Desenvolver um trabalho com um grupo específico requer que tenhamos o mínimo de conhecimento da cultura que norteia esta atmosfera, assim como o território em que atuamos, pois reconhecendo a demanda é que podemos atender as necessidades, propiciar oportunidades de transformações.
As atividades além de investigativas precisam estar preenchidas de informação, propiciando ensino de qualidade ao idoso, não reforçando os mitos do envelhecimento e sim criando oportunidades e vivências diferenciadas, que possam fortalecer o seu repertório pessoal e sua cultura.
Nosso papel social, enquanto pessoas que trabalham para pessoas, não é somente de educador e educando e sim de facilitador das trocas de conhecimentos.
Será que temos consciência da responsabilidade quando assumimos o papel de educador/ agente facilitador? Sabemos que somos os principais responsáveis por disseminar nosso conhecimento e que este é o momento de fazer valer aquilo que acreditamos e com isso criarmos expectativas de transformações?

¹ Artista Plástico, especializando em Arte Educação e Gerontologia (CEUMA/USP), coordenador do Núcleo de Convivência de Idosos Jova Rural (NCI Jova Rural).
²Terapeuta Ocupacional especialista em Gerontologia (UNIFESP/EPM), terapeuta ocupacional do Hospital Albert Einstein.

criação coletiva, 2007
técnicas mista

círculos, 2007 (M.R. 62 anos)
tetra pak, acrílica
folhas, 2007 ( Z.V. 83 anos)
cartões telefônicos, linha


sem título, 2007 (I. R., 72 anos)
material bastardo, técnica mista

Esculturas e Instalações criadas por idosos na Oficina "A Arte pelo meio-ambiente" coordenada pelo artista plástico/ arte educador Diego Miguel² no Centro de Referência da Cidadania do Idoso - CRECI@ (2007).

Todas as obras foram fundamentadas na política dos 3 R's em paralelo ao repertório artístico dos principais artistas atuantes na defesa do meio ambiente.

feLIPE frisoNI - intERVENção


por Regiane Teixeira - 03/02/2010 - 20:20

O paulistano Felipe Frisoni tem 25 anos, é publicitário, gosta de tecnologia, artes e, apesar de parecer saudável, se sente doente. Ao refletir sobre os problemas da cidade, ele decidiu mostrar aos outros como vê São Paulo. Para ele, a cidade está enferma e, por conta disso, se vestiu de médico e espalhou bolsas que simulam conter sangue por diversos bairros. A intervenção urbana foi sua primeira ação artística e recebeu o nome Transfusão. A obra ganhou as ruas no fim de semana passado e continua no próximo sábado (6). “A cidade não oferece educação, saúde. A poluição, o trânsito e outros males acabam gerando uma doença na população”, diz o artista. “O povo começa a ficar com a autoestima baixa, algo que desencadeia o processo.”


Acompanhado por cinco amigos, Frisoni distribuiu cerca de 40 bolsas pelo centro da cidade, a partir do bairro de Santa Cecília. Enquanto algumas receberam molduras, outras foram colocadas em estátuas. O fotógrafo e também artista Felipe Morozini registrou a manifestação em fotos e vídeo. “Qualquer manifestação pela cidade é válida. Algumas pessoas perguntaram o que significava aquela intervenção urbana. Elas já entendiam isso.” Morozini já foi premiado em Nova York pelo site Babelgum por seu vídeo "Jardim Suspenso da Babilônia", sobre uma intervenção no Elevado Costa e Silva, o Minhocão. O curta mostra a intervenção de 28 pessoas, que pintaram com cal diferentes tipos de flores no asfalto.

Fotos: http://revistaepocasp.globo.com/Revista/Epoca/SP/1,,EMI119923-17276,00.html

Veja o video: http://www.babelgum.com/4003990/suspended-garden-babylon-map-runner-up.html