OFICINAS SÓCIO EDUCATIVAS PARA O IDOSO NO CONTEXTO SOCIAL
por Diego Miguel¹
Daniela Nascimento Augusto²
Daniela Nascimento Augusto²
Os avanços científicos e tecnológicos dos últimos anos, assim como a adequação de hábitos mais saudáveis contribuíram consideravelmente para o aumento da expectativa de vida no Brasil.
Apesar do crescimento da população idosa ser algo notável em nossa sociedade, não nos preparamos previamente para tal situação, mas neste recente cenário também podemos enumerar conquistas, dentre elas a criação do Estatuto do Idoso no dia 1º de outubro de 2003, como forma de garantir os direitos do cidadão idoso em sua plenitude e compartilhar com a sociedade as necessidades de adequações.
Frequentemente ouvimos nos principais veículos de comunicação dicas de envelhecimento saudável ações previstas nas Políticas Públicas conforme prevê o capítulo V – art. 24 do Estatuto do Idoso - algo que aos poucos vai se infiltrando em nossa cultura popular, buscando contradizer os velhos mitos da tradicional imagem da velhice, desenhadas desde o imaginário infantil e alimentada na caminhada à maturidade.
No contexto do envelhecimento ativo surgem também programas de atividades voltados ao público idoso visando à promoção do envelhecimento saudável em consonância com as Políticas Públicas, universidades e iniciativa privada.
São projetos que contam na maioria das vezes com uma programação diversificada que contemplam os diversos eixos que favorecem a cidadania: saúde, cultura, lazer, educação, entre outros.
A diversidade de atividades disponíveis para o idoso buscam atender as principais características do envelhecimento, atuando na prevenção da autonomia, da saúde, garantindo a inclusão e o protagonismo social.
Este é um mercado crescente que aos poucos vêm sendo explorado por uma gama de profissionais da educação formal e não formal que optam por trabalhar com este público e que aos poucos buscam se capacitar na área da gerontologia.
Para desenvolver um trabalho que contemple os aspectos biopsicossocias do envelhecimento é necessário ter o conhecimento gerontológico, ou bastaria apenas a sensibilidade para lidar com este público?
Existem vários projetos que integram o idoso, somando saberes e ciências que favorecem o protagonismo, promoção social através de diversas oficinas, por exemplo, a de artesanato com o foco na geração de renda, oficinas de artes que fornecem novos conhecimentos e acesso à distintas culturas favorecendo a pesquisa e o conhecimento dos vários seguimentos da gerontologia.
Há oficinas também que propiciam o debate e a reflexão sobre os direitos da pessoa idosa incentivando a participação ativa na conquista de novos desafios, fortalecendo seu papel de cidadão.
As atividades físicas são geralmente as mais procuradas por este público e as que estão mais disponíveis nos projetos, variando de alongamento à yoga, o que talvez reflita o paradigma do exercício físico relacionado ao envelhecimento ativo.
Neste cenário, não muito raro, nos deparamos com oficinas e cursos que sem fundamentação reforçam o mito da ociosidade desta fase da vida, geralmente com atividades que são pré elaboradas e que não visam estimulação, favorecendo a dependência de uma liderança, limitando a criatividade, a oportunidade de reflexão e a autonomia.
Esta é uma questão para que, enquanto profissionais atuantes pela causa, possamos refletir sobre a nosso papel social, visto que trabalhamos com um público que tem suas peculiaridades e que hoje necessitam de algo muito além do mero passatempo.
A resistência de alguns profissionais para novos aprendizados, ou a possibilidade de acreditarem que dentro de suas especialidades já estão no ápice do conhecimento é um dos aspectos dificultadores para a realização de um trabalho satisfatório.
Estamos em constante aprendizado, isto é fato, a teoria e a prática estão em constantes avanços e nos proporcionam novas diretrizes.
Trabalhar com pessoas é lidar com sentimentos, emoções e culturas diferenciadas, este é o grande desafio.
Desenvolver um trabalho com um grupo específico requer que tenhamos o mínimo de conhecimento da cultura que norteia esta atmosfera, assim como o território em que atuamos, pois reconhecendo a demanda é que podemos atender as necessidades, propiciar oportunidades de transformações.
As atividades além de investigativas precisam estar preenchidas de informação, propiciando ensino de qualidade ao idoso, não reforçando os mitos do envelhecimento e sim criando oportunidades e vivências diferenciadas, que possam fortalecer o seu repertório pessoal e sua cultura.
Nosso papel social, enquanto pessoas que trabalham para pessoas, não é somente de educador e educando e sim de facilitador das trocas de conhecimentos.
Será que temos consciência da responsabilidade quando assumimos o papel de educador/ agente facilitador? Sabemos que somos os principais responsáveis por disseminar nosso conhecimento e que este é o momento de fazer valer aquilo que acreditamos e com isso criarmos expectativas de transformações?
¹ Artista Plástico, especializando em Arte Educação e Gerontologia (CEUMA/USP), coordenador do Núcleo de Convivência de Idosos Jova Rural (NCI Jova Rural).
²Terapeuta Ocupacional especialista em Gerontologia (UNIFESP/EPM), terapeuta ocupacional do Hospital Albert Einstein.
criação coletiva, 2007
técnicas mista
tetra pak, acrílica
cartões telefônicos, linha
sem título, 2007 (I. R., 72 anos)
material bastardo, técnica mista
Esculturas e Instalações criadas por idosos na Oficina "A Arte pelo meio-ambiente" coordenada pelo artista plástico/ arte educador Diego Miguel² no Centro de Referência da Cidadania do Idoso - CRECI@ (2007).
Todas as obras foram fundamentadas na política dos 3 R's em paralelo ao repertório artístico dos principais artistas atuantes na defesa do meio ambiente.
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