O que falar da 28ª Bienal de São Paulo?
Ouvimos falar em todos veículos de comunicação sobre o Espaço Vazio no segundo andar do prédio da Bienal.
Conceito? Não! Seria hipocrisia de nossa parte, enquanto artistas, acreditarmos em tal afirmação.
Para comprovar isso, podemos pensar no objetivo da Bienal: mostrar o que há de melhor na arte contemporânea, o que os artistas atuais estão fazendo.
Seria mais honesto admitir a falência da Bienal e a redução da verba para exposição (de 18 milhões – Bienal de 2006 para 09 milhões – Bienal de 2008).
Mesmo assim afirmamos: há muitos artistas brasileiros, mais “baratos” que os estrangeiros e artistas com grande qualidade artística, para comprovar isso basta irmos à Paralela (exposição paralela à Bienal somente com artistas brasileiros, este ano no Liceu de Artes e Ofícios).
A redução de artistas (de 120 para 42) contribuiu bastante para que a qualidade das obras melhorasse, apesar da mesmice de sempre, basta lembrar dos montes de parafernálias de dois anos atrás.
Vale destacar nesta Bienal logo na entrada as “esculturas sonoras” de O Grivo (grupo de artistas mineiros) e a saída do tobogã do artista belga Carsten Höller.
Há também no primeiro andar o ‘Video Lounge’ um espaço com 10 telas onde serão exibidos durante a Bienal 150 vídeos (a proposta é boa, mas inviável... quem irá na Bienal semanalmente para acompanhar a maioria da programação mesmo sendo interessante?)
No segundo andar “o vazio” – sem comentários...
No terceiro o que chama atenção “logo de cara” é a Instalação Eighteen Hundred Drawings do artista americano Allan McCollum – são 1800 desenhos feitos à lápis grafite em tamanhos alternados. A repetição é algo muito interessante nesta instalação, cria-se um efeito visual perceptivo à distância (talvez por isso admiro as instalações do artista brasileiro Nelson Leiner, no qual abusa da repetição e dos diferentes tamanhos na mesma composição).
A poucos metros de distância podemos ver os 16 vídeos de Marina Abramovic (artista de Belgrado – ex-Iugoslávia), uma das mestras em vídeo-arte. Esses vídeos mostram o cotidiano de uma mulher (penteando o cabelo, gemendo, comendo cebola, etc), é repleto de sensação e em alguns momentos até emoção.
No mesmo andar há o Jornal/ Obra da artista Mabe Bethônico (brasileira) sendo distribuido para o público. “União Ibirapuera” é o resultado da pesquisa feita pela própria artista a partir do documento encontrado no Arquivo Wanda Svevo de 1958 sobre a criação de uma união para defender os interesses das diversas instituições que estavam no parque naquela época.
Um exemplo de pesquisa que se transforma em arte, torna-se informação/ expressão acessível á todos, desde que as pessoas saibam o que é o jornal.
Vale a pena ir a Bienal? Sim. Somente estando em contato com as obras podemos criar um senso crítico sobre aquilo que nos toca e aquilo que é dispensável, o que é contemplativo ou simplesmente é um monte de lixo que encontramos nas esquinas e caçambas de São Paulo.
Podemos observar nesta Bienal que algumas obras se tornaram entretenimento, tocando a sensibilidade do público por meio da interação e referências cotidianas, não podemos ignorar o esforço dos artistas em deixar sua arte mais próxima das pessoas, principalmente da grande massa que não entendem ou não fazem parte do pequeno e difícil mundo artístico intelectual.
E em pensar que há 55 anos atrás, a Bienal estava com obras de artistas que contribuíram muito para nossa história e para evolução da arte contemporânea, entre eles : Klee, Calder, Mondrian, Henry Moore, De Konning, Munch, Léger, Braque, Picasso...
Resta saber qual vai ser a contribuição da ARTE atual para nossa história...
4 comentários:
Diego, sempre tive muita vontade de ir em uma Bienal. Nunca tive oportunidade devido principalmente a distância. Foi ótimo ler seu blog e ter uma real noção do que lá se apresenta (apesar das dificuldades atuais). Obg!
Bjão!!!!
[b] Di, vc é o cara,ficou linnnnnnnnndo de viver.Desejo todo sucesso do mundo. um xeiiiiiiiiiiro no cospeço, te amo.
Oi Diego,
Muito boa a sua iniciativa de escrever sobre a bienal. É um ótimo exercício de reflexão, escreva sempre sobre as exposições que você visitar! Vale a pena.
Visite também a Paralela, no galpão do Liceu de Artes e Ofícios. Faça um comentário e talvez uma comparação, do seu ponto de vista. Lembrando que a Paralela foi organizada pelos galeristas.
Beijos
Lu
oI Diego
Minha referencia de apreço à arte é o sentimento que experimento diante da obra...talvez o vazio tenha alguma representatividade para mim no instante em que eu chegar à sala, pois, por enquanto, é apenas uma ideia digna de ser colocada na porta de casa para que a prefeitura leve no carro do lixo.
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